Irã prepara resposta síria ao Ocidente?
23.08.2012, 17:38
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O Irã reforçará a resistência ao Ocidente e a seus aliados no Oriente Próximo em resposta a tentativas de derrubar o presidente da Síria, Bashar Assad. Esta diretiva, segundo o Daily Telegraph, foi dada pelo líder supremo da República Islâmica do Irã, aiatolá Ali Khamenei.
A edição cita dados de um serviço de reconhecimento ocidental que, como se supõe, fez escapar uma informação de que a brigada Al-Quds, serviço especial do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica, foi posta em alta disposição combativa. Ali Khamenei ordenou que este destacamento de elite “reforce ataques contra o Ocidente e seus aliados”.
Na diretiva aponta-se que o Irã não pode continuar a ser passivo perante novas ameaças, inclusive a desintegração do bloco entre Teerã, Damasco e o movimento libanês Hezbollah. Nestas condições, são convocados serviços especiais para advertir os Estados Unidos, Israel, Grã-Bretanha, Turquia, Arabia Saudita e Catar de que estes países não podem mais atuar impunemente na Síria, tendo em vista a luta da oposição armada com o objetivo de derrubar o regime de Bashar Assad.
Não se exclui que se trata de mais um truque propagandístico, porque a fuga de semelhante informação confidencial é impossível no Irã, tal como na China ou na Coreia do Norte, sem falar de pormenores referidos. Neste caso, trata-se de uma “guerra informativa”, instrumento utilizado ativamente pelo Ocidente no Afeganistão, Iraque e Líbia e agora na Síria.
Ao mesmo tempo, é possível que a ordem de reforçar a resistência ao Ocidente em resposta a suas tentativas de derrubar o regime de Bashar Assad fosse dada de fato. O que, neste sentido, poderá fazer o Irã? Citamos a opinião de Serguei Demidenko, analista do Instituto de Avaliações e Análise Estratégicas:
“É provável que o Irã possa empreender quaisquer atos subversivos no território da Arabia Saudita ou no Qatar. No fim de julho, na Arabia Saudita, foi morto o príncipe Badnar bin Sultan, figura-chave na jerarquia monárquica saudita. É difícil dizer se o Irão fosse envolvido diretamente neste assassinato. Mas é certo que este político era um adversário duro da Síria e de Bashar Assad. Tais pessoas não são assassinadas sem um pretexto.
O Irã pode agitar comunidades xiitas nos países da região, que são bastante organizadas. Pode ser no leste da Arábia Saudita, região muito rica em petróleo, no Bahrein, em que mais de 70% da população são xiitas, embora o país seja governado por uma dinastia sunita, no Kuweit, onde também mais de 40% dos habitantes são xiitas, no Iraque que agora apoia Bashar Assad. Ao mesmo tempo, o Irã não empreenderá quaisquer atos de envergadura”.
Entretanto, o perito militar Anatoli Tsyganok discorda da última afirmação de Serguei Demidenko:
“Admito que as tropas iranianas possam apoiar com suas ações os agrupamentos que se encontram no oeste da Síria. O Irã fala constantemente que irá encerrar o estreito de Ormuz, se for atacado. Mas este já será um conflito de nível mundial, porque através do estreito de Ormuz são fornecidos diariamente dos países do Golfo Pérsico cerca de 20% do petróleo mundial”.
É sintomático que o jornal britânico Daily Telegraph publicou o comunicado na véspera do encontro de cúpula do Movimento dos Países Não-Alinhados, que decorrerá no fim de agosto em Teerã. O Irã tentará aproveitar a ocasião para reforçar suas posições na solução da crise síria e obter apoio de um número maior possível de países. E em Teerã irão reunir-se chefes de Estado e de governo de mais de 120 países.
Não será que neste contexto as publicações no Daily Telegraph são um golpe de antecipação contra o Irã, para também se aproveitar deste fórum representativo e assusta-lo com a ameaça iraniana?
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