terça-feira, 14 de agosto de 2012

EUA ameaça intervir na Siria


Estados Unidos ameaçam declarar zona de exclusão aérea na Síria

13.08.2012, 15:49
Imprimirenviar por E-mailPostar em blog
Estados Unidos ameaçam declarar zona de exclusão aérea na Síria
© Flickr.com/don.wing45/cc-by

A oposição síria exige que seja criada uma zona de exclusão aérea nas fronteiras com a Jordânia e Turquia, declarou aos jornalistas ocidentais o chefe do Conselho Nacional Sírio, Abdel Basset Sayda.

No sábado passado, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, qualificou, durante uma visita a Istambul, o estabelecimento de tal zona como uma das medidas de ajuda à oposição. No ano passado, a declaração desta zona na Líbia permitiu limitar consideravelmente o uso da artilharia e da aviação de Muammar Kadhafi contra os rebeldes líbios.
A situação é comentada por Ajdar Kurtov, perito do Instituto de Avaliações Estratégicas da Rússia:
“Com certeza, vem à mente uma analogia entre a zona de exclusão aérea na Líbia e a proposta feita por americanos em relação à Síria. A decisão sobre a Líbia foi tomada pelo Conselho de Segurança da ONU. Esta entidade não é capaz por enquanto de atuar equilibradamente, mas os Estados Unidos podem optar por uma via mais radical, tentando eles próprios introduzir a zona de exclusão aérea, iludindo a decisão do Conselho de Segurança.
Sem dúvida, a zona de exclusão aérea irá contribuir apenas para preparar uma agressão terrestre, porque ações militares já ocorrem tanto na fronteira turco-síria do norte, como na sírio-jordana do sul”.
Na véspera, na fronteira sírio-jordana, teve lugar um confronto entre militares dos dois países, em que foram utilizadas veículos blindados. Nada se comunica sobre as vítimas, mas é evidente que o conflito sírio já alastrou para a Jordânia.
O incidente ocorreu nomeadamente na região da fronteira, através da qual os sírios fogem para o país vizinho, para escapar à guerra. Testemunhas oculares afirmam que o tiroteio foi iniciado por militares sírios quando mais um grupo de refugiados tentava atravessar a fronteira.
A Jordânia ocupa por enquanto uma posição mais moderada no conflito sírio em comparação, por exemplo, com a Turquia vizinha ou alguns países do Golfo Pérsico. É evidente que o agravamento das relações entre Amã e Damasco atingirá em primeiro lugar os refugiados sírios e dará um pretexto ao Ocidente, Ancara, Er-Riad e outros partidários do derrubamento de Bashar Assad para endurecer as sanções.
Pelos vistos, o Líbano é o país mais prejudicado em resultado dos acontecimentos dramáticos na Síria. Está ligado historicamente à Síria com os laços muito fortes. Citamos as declarações do antigo presidente libanês, Emile Lahoud, feitas à Voz da Rússia:
“A crise na Síria dura de há um ano e meio, mas o Governo continua a manter o poder. A oposição é apoiada com armas e equipamentos sofisticados, tendo do seu lado também os meios de comunicação social dos países ocidentais e de alguns Estados árabes, mas é tudo   em vão. Muitas pessoas na Síria apoiam o seu presidente. Se o Governo sírio for derrubado e o país for desmembrado, a região e, em primeiro lugar, o Líbano serão dominadas pelo caos”.
A nomeação de um novo representante especial da ONU e da Liga Árabe em vez de Kofi Annan, que irá se demitir, poderão prevenir a escalada futura da crise em torno da Síria. Mas a busca de um sucessor é protelada e não sem a participação das forças no Ocidente, que ainda em tempos de Kofi Annan se manifestaram ativamente pelo fim da missão de observadores da ONU.
O agravamento da guerra civil será inevitável se estas forças prevalecerem. Isso, por seu lado, estimulará os partidários da declaração de zonas de exclusão aérea nas fronteiras com a Síria a passarem das palavras à prática.

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